#LeadYoung: Favela no Rio de Janeiro é cenário de projeto liderado por jovens que usam espaços abandonados como ferramenta de transformação social
Muitas pessoas transformadoras encontram inspiração para criar um mundo melhor a partir de suas próprias experiências. Muitos também se beneficiam da orientação de um programa, professores, mentores ou pais, podendo assim reconhecer seu poder e se sentir impelido a agir. O espírito de mudança de Felipe foi canalizado por uma igreja local em sua vizinhança que o ajudou a enxergar seu potencial. Sua história demonstra que agentes de mudança podem vir de qualquer origem, país e família, e que a educação de cada jovem transformador é o que molda sua jornada pela mudança social e positiva.
Nascido e criado em Costa Barros, no Rio de Janeiro, Felipe Rocha cresceu em um dos bairros mais violentos e precários da cidade. Sendo o mais novo dos dez filhos, foi criado por uma mãe solteira. Apesar das dificuldades de sua família, aos 8 anos, Felipe teve a oportunidade de participar de programas organizados por uma organização evangélica sem fins lucrativos, Visão Restaurar, onde se tornou profundamente ligado à igreja. Esta comunidade incutiu nele o valor de ajudar os outros, especialmente as crianças, a superar a pobreza e criar mudanças positivas. Hoje, como voluntário da Visão Restaurar, ele é instrutor cultural para 22 crianças de 8 a 12 anos, para as quais ensina sobre cidadania e conduz atividades recreativas.
Anos de envolvimento com a Visão Restaurar permitiram que Felipe liderasse duas iniciativas para recuperar sua comunidade e aumentar a qualidade de vida de todos. Um problema social em particular que o jovem carioca identificou em Costa Barros foi a crescente prevalência de espaços abandonados, como campos abertos ou edifícios desgastados, que eram frequentemente aproveitados por pessoas de fora para despejar lixo. Além disso, ele notou uma falta de interesse em limpeza urbana por funcionários do governo local.
Recusando-se a deixar sua cidade abandonada e insegura, Felipe decidiu criar sua primeira iniciativa, a Oficina BrincArte, que oferece às crianças uma oportunidade de brincar ao ar livre e aproveitar os espaços públicos. Por meio de brincadeiras criativas, ele e sua equipe de jovens ensinam as crianças sobre os desafios em sua comunidade e sobre projetar soluções para mudar sua realidade.
Felipe mais tarde criou o Projeto Me Segue, que incentiva os jovens a recuperar, revitalizar e reocupar os espaços para embelezar a comunidade e promover o esporte, o lazer e a cultura local. Transformando espaços desocupados em lugares de propriedade da comunidade, a equipe de Felipe é liderada por jovens que projetam, coordenam e lideram estratégias de expansão para a organização de forma colaborativa.
Hoje, os projetos de Felipe impactam quase 60 crianças entre 5 e 12 anos de idade. Ele acredita que seus projetos têm o potencial de atingir cerca de 10.000 famílias em um complexo de 5 favelas. Ao longo de sua trajetória, Felipe teve apoio da ONG Recode, que trabalha para criar cidadãos conscientes e conectados por meio do empoderamento digital. Fundada pelo empreendedor social Ashoka, Rodrigo Baggio, a organização possibilitou que o jovem pudesse cursar inúmeros cursos de tecnologia e programação e de também participar do programa Active Citizens para líderes sociais que apoia seu próprio desenvolvimento pessoal como agente de mudança.
O que impulsiona Felipe é a recusa de aceitar o status quo. Ele reconhece as duras realidades enfrentadas pelas crianças de sua comunidade, como violência, tráfico, poluição, questões ambientais, entre tantas outras. No entanto, em ambas as iniciativas, Felipe pretende trazer o orgulho de viver em uma favela, incentivando os jovens a lutar para viver em uma comunidade melhor. Ao transformar espaços físicos, ele está incentivando os jovens a terem esperança e sonhar com a transformação de suas vidas e espaços.
Felipe exige uma nova realidade, em que os jovens se sintam seguros e capazes de atingir seu potencial máximo. Felipe diz: “O que realmente me impulsionou foi não querer a comunidade como era”. Ele diz que outros jovens “veem uma triste realidade. Quero que os outros tenham novos horizontes, novas perspectivas de vida, olhem a vida de outra maneira. ” .