Seminário – Trilhas de Aprendizagem em Intersetorialidade na Educação – Organizações da Sociedade Civil

O evento, que aconteceu nos dias 08 e 09 de agosto, contou com participação de Helena Singer que esteve na mesa de abertura, com a Diretoria de Articulação Intersetorial do MEC, a Ashoka e a Cidade Escola Aprendiz, trouxe a definição da intersetorialidade na educação. A perspectiva da educação integral e transformadora é chave para isso, na medida em que ela aponta caminhos para a territorialização das políticas públicas dos diversos setores, sempre de modo integrado, a partir das necessidades e objetivos dos estudantes e suas famílias.

Vê-se Helena Singer (mulher branca de cabelos médios, lisos e grisalhos) segurando um microfone em frente a uma mesa em cima de um palco com diversas pessoas sentadas em cadeiras de frente para ela

No início deste mês, o MEC organizou, no Rio de Janeiro, seminário sobre intersetorialidade com organizações da sociedade civil. O seminário sucede um ciclo de encontros sobre a mesma temática com as redes municipais de ensino, que produziu um levantamento sobre experiências de articulação intersetorial. 

A educação, por definição, demanda uma articulação intersetorial, uma vez que a garantia das condições para o desenvolvimento das crianças, jovens e adultos depende da saúde, da assistência social, do transporte, da moradia, da cultura e tantos outros setores que respondem pelas diversas dimensões da experiência humana. Apesar disso, pouco tem sido feito de efetivo para possibilitar que as diversas políticas sejam desenhadas, implementadas e monitoradas de modo integrado.  

O tema ganha relevância no momento em que o país começa a debater o Plano Nacional de Educação para o próximo decênio. É muito importante que, desta vez, ele seja construído com a efetiva participação da sociedade e que seus objetivos, metas e estratégias reconheçam os diversos atores que atuam na educação. Nos dois dias de encontro no Instituto Benjamin Constant e na Redes da Maré, a equipe do MEC responsável pelas articulações em torno do PNE dialogou com atores da sociedade civil com grande experiência e impacto na educação.  

Além das organizações que sediaram o encontro, participaram representantes de diversas organizações, como Ação Educativa, Geledés, Conexão Felipe Camarão e várias outras de diferentes estados.  

A mesa de abertura, com a Diretoria de Articulação Intersetorial do MEC, a Ashoka e a Cidade Escola Aprendiz, trouxe a definição da intersetorialidade na educação. A perspectiva da educação integral e transformadora é chave para isso, na medida em que ela aponta caminhos para a territorialização das políticas públicas dos diversos setores, sempre de modo integrado, a partir das necessidades e objetivos dos estudantes e suas famílias.  

A conferência do presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, Renato Janine Ribeiro fortaleceu esta perspectiva ao problematizar o sentido democrático da educação. Suelaine Carneiro, do Geledés, trouxe ainda mais elementos para este debate, chamando atenção para a importância do compromisso com a equidade de raça e gênero para a efetiva democratização da sociedade.  

Nas rodas de conversa, ficou muito claro o papel central que as organizações da sociedade civil desempenham na educação, embora isso seja sempre pouco falado quando se trata da debater, desenhar e financiar políticas públicas na área. São múltiplas, diversas e centrais as iniciativas educacionais comunitárias e dos movimentos sociais por todo o país, como projetos culturais que valorizam os saberes dos mestres de tradição; projetos socioambientais que educam para a pesquisa, a transformação do território e a conscientização dos direitos; cursos pré-vestibulares populares; iniciativas socioeducativas realizadas com adolescentes em conflito com a lei; enfrentamento ao trabalho infantil; formação dos profissionais da saúde, da assistência social e de outros setores para o desenvolvimento de projetos educativos; projetos educativos para o enfrentamento ao racismo, à misoginia e todas as formas de opressão; projetos de formação para o mundo do trabalho orientados pelos valores do coletivo e da cooperação, entre muitos outros.   

Também ficou claro que são tão diversas as concepções e práticas educativas quanto são múltiplos os povos e culturas que constituem este país. Os valores afrobrasileiros, que promovem a educação transformadora, não encontram lugar nas escolas organizadas sobre a base das disciplinas, salas de aula, séries e provas, mas se disseminam nas comunidades: a roda, a corporeidade, o cooperativismo, a ludicidade, o axé.