#JovensTransformadores: Grupo de meninas negras de São Paulo articula rede que apoia jovens negras a terem mais oportunidades com o uso da tecnologia

Percebendo a falta de oportunidades reais para meninas como ela, Isabelle, 16 anos, criou um projeto que usa a tecnologia para promover o desenvolvimento jovens negras.

Enquanto crescia na região periférica da cidade de São Paulo, a jovem Isabelle Christina, 16 anos, lutava para ter acesso a uma educação de qualidade. Inspirada pelo amor de sua mãe por livros e conhecimento, Isabelle aprendeu inglês sozinha, estudando com livros e na internet. Sua determinação para aprender algo mostrou a ela o poder da tecnologia para a transformação social, especialmente para outras mulheres negras, jovens e de baixa renda. 

 

Aos 13 anos, Isabelle percebeu que muitas outras jovens negras não tinham o mesmo apoio ou oportunidade de acesso à educação. Sensibilizada com essas meninas, ela decidiu criar um blog para discutir essas injustiças sociais. A pesquisa das disparidades educacionais ensinou  Isabelle sobre as barreiras sociais interconectadas pela raça, renda e gênero que impedem o acesso sistemático à educação no Brasil. Aos 14 anos, ela passou de escrever sobre questões sociais, lançando uma organização chamada Projeto Meninas Negras.

“Eu acho que todo mundo precisa sonhar muito grande, a gente precisa sonhar as coisas que não acontecem para que elas de fato possam acontecer no futuro.”  - Isabelle Christina, 16 anos, São Paulo

O objetivo do projeto é ajudar mais meninas negras a terem acesso a oportunidades que as preparem para alcançar seu pleno potencial como líderes femininas, poderosas e cidadãs globais que controlam seus futuros. Especificamente, a organização utiliza tecnologia para apoiar o desenvolvimento acadêmico, profissional e cultural de mulheres jovens afrodescendentes. Até o momento, mais de 30 garotas participaram de seu projeto. 

 

Na maioria das vezes, Isabelle e as outras jovens se comunicam através de meios digitais, como o Skype, para estudar matérias como português, matemática, redação e inglês. Conectadas, as meninas realizam projetos de tecnologia colaborativa, como a participação em hackathons e eventos como o Campus Party, que é um festival de tecnologia 24 horas por dia. Um destaque especial de 2018 para a equipe foi sua participação no Technovation 2018, uma competição internacional para criadores de aplicativos que aborda especificamente desafios sociais para meninas de 10 a 18 anos. 

 

A mãe de Isabelle é sua mentora e aliada, oferecendo orientação e apoio inestimáveis. Ela e sua mãe lideram a organização com a orientação profissional de 10 educadores que oferecem seus conhecimentos em psicologia para moldar o currículo e as atividades do projeto. O projeto de Isabelle também é apoiado por empresas internacionais como Oracle, IBM e Facebook, cujos funcionários são voluntários na implementação do trabalho. 

 

Nos próximos três anos, Isabelle espera alcançar mais de 300 jovens mulheres. Os graduados de seu programa devem contribuir para essa jornada transformadora com outras jovens, expandindo o projeto para outras regiões do Brasil. Em última análise, Isabelle espera que sua organização possa preencher lacunas na educação entre as raças e os gêneros, ao mesmo tempo em que aumenta a representação das jovens negras no ensino superior e nas empresas.