#JovensTransformadores: Líder jovem indígena engaja juventudes para participar de decisões políticas em comunidades na região amazônica
Os jovens transformadores, pela natureza de seu trabalho, mudam a narrativa e as expectativas em torno do crescimento. A história de Luiz Henrique destaca como os jovens podem participar ativamente do governo local para representar autenticamente sua geração em suas respectivas comunidades. Ao criar um espaço para os jovens na governança, Henrique e seus colegas estão trazendo questões fundamentais para a linha de frente do governo local, como a proteção do meio ambiente e ações contra o desmatamento e a extração de recursos.
Nascidos em Santarém, no oeste do Pará, os pais de Henrique mudaram levaram sua família para a cidade de Manaus, no Amazonas, em busca de uma vida melhor. Quando ele tinha 10 anos, eles voltaram para Santarém, em busca de melhor acesso à educação, cuidados básicos de saúde e segurança alimentar. Hoje, sua família vive em uma comunidade ribeirinha na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns. As reservas extrativistas são terras de propriedade do governo, mas as pessoas que vivem lá, conhecidas como "Resex", têm o direito de praticar ações extrativistas tradicionais, como a caça, a pesca e a colheita de plantas silvestres.
Quando ele tinha 15 anos, Henrique começou a se envolver cada vez mais com uma igreja católica local na comunidade. Ele se tornou coordenador de jovens de um dos programas da igreja, e teve a oportunidade de reconhecer sua capacidade de liderar. Adultos da comunidade reconheceram essa capacidade também e convidaram Henrique, com 17 anos na época, para integrar o Conselho Intercomunitário Floresta Ativa (CIFA), um conselho que atua na governança das 20 comunidades da Resex, que inclui cerca de 5.000 famílias. Uma vez que ele se juntou ao conselho, ele reconheceu a falta de representação de jovens no governo local em suas comunidades e em todo o Brasil.
- Luiz Henrique, 19 anos, Santarém
Em resposta, Henrique organizou conversas com outros jovens através de sua igreja para expressar a importância dos jovens estarem presentes em posições de liderança. Através de sua divulgação, ele ajudou a criar um departamento de juventude dentro do conselho para incluir permanentemente a voz desses agentes de mudança em todos os processos de tomada de decisão. As palestras de Henrique fizeram os jovens se interessarem mais pelos assuntos da comunidade, propondo novas ideias para o desenvolvimento da comunidade.
A jornada de mudança de Henrique foi catalisada pela participação em um curso de empreendedorismo oferecido pela organização sem fins lucrativos Projeto Saúde & Alegria, liderado pelo empreendedor social Ashoka Tibério Alloggio. No curso os participantes identificaram problemas em suas comunidades e foram encarregados de co-projetar soluções. Além de participar ativamente do CIFA, Henrique e sua equipe resolvem problemas de desperdício de alimentos que acontece ao redor das margens do rio, já que as frutas das árvores locais estavam caindo nas margens e não sendo utilizadas. Sua equipe decidiu criar uma startup, A Delícias Tapajônicas, para comercializar esses produtos em doces e licores. Reduzindo o desperdício de alimentos, a startup trabalha com jovens e mulheres nas comunidades da Resex para aumentar a renda de suas famílias.
O jovem indígena também está conectado com outras juventudes do Engajamundo, ONG liderada pelo empreendedora social Ashoka, Raquel Rosenberg, e que articula movimentos de juventude ao redor de todo o Brasil. Através de suas próprias experiências de mudança, Henrique sabe que todos os problemas em sua comunidade têm uma solução e todos os jovens têm o potencial de serem agentes de mudança para contribuir com a preservação da Amazônia.