Funcionários são catalisadores subestimados pelas empresas como força para a transição justa, revela pesquisa da GlobeScan e Ashoka

Imagem de cima para baixo de cinco pessoas reunidas em um semicírculo juntando suas mãos ao centro

Funcionários de grandes empresas privadas tem potencial de contribuir significativamente com a transição justa e a sustentabilidade corporativa, de acordo com nova pesquisa da GlobeScan e Ashoka. As empresas poderiam acelerar o ritmo das ações de sustentabilidade ao mobilizar de forma mais efetiva a sua força de trabalho para gerar valor e impactos positivos de longo prazo. Isso requer ambientes de trabalho que valorizem a autonomia, a iniciativa, a transparência e a colaboração.

A GlobeScan, empresa global de consultoria estratégica, e a Ashoka, pioneira e maior rede mundial de empreendedores sociais e agentes de transformação, uniram esforços para avaliar o papel crítico das equipes de empresas na aceleração da transição justa. A pesquisa reuniu respostas de 8.613 empregados de grandes empresas com fins lucrativos em 31 países e territórios, incluindo o Brasil.

Este estudo oferece uma nova perspectiva sobre um tema tradicionalmente centrado nas percepções da alta liderança e dos investidores. À medida que as empresas enfrentam uma pressão crescente para assumir responsabilidades frente às mudanças climáticas e à desigualdade social, cresce a discrepância entre as promessas de sustentabilidade corporativa e seus impactos no mundo real. Os funcionários também estão percebendo essa lacuna.

Setenta e quatro por cento dos respondentes concordam que o que seus empregadores dizem sobre responsabilidade social e ambiental é inconsistente com os comportamentos reais da empresa. A resposta dentro de empresas brasileiras coincide com a média global. Os resultados ainda destacam a importância da sustentabilidade para os negócios e os riscos da inação.

Um total de 88% dos respondentes concorda que, à medida que sua empresa melhora seu desempenho em responsabilidade social e ambiental, tanto a motivação individual quanto a lealdade à empresa aumentam. No Brasil, 91% dos funcionários de grandes empresas brasileiras concordam com essa afirmação.

Para Chris Coulter, CEO da GlobeScan, “empresas que não alinham suas metas a ações correm o risco de perder talentos atuais e futuros. Os funcionários são mais leais e motivados quando veem sua empresa tomando medidas concretas para contribuir positivamente com a sociedade e o planeta.”

Mas, a pesquisa também traz sinais de esperança. Uma significativa maioria de 82% dos respondentes acredita que contribuem para criar soluções sociais e ambientais positivas por meio de seu trabalho, sendo que 39% afirmam concordar plenamente com isso. Brasil está praticamente na média global, com 83%.

Apesar desse otimismo, o impacto nos resultados concretos ainda é limitado. Embora muitos funcionários sintam que são agentes de transformações positivas, seus esforços individuais não estão se traduzindo suficientemente em mudanças nas práticas empresariais. Essa desconexão impede que as organizações integrem completamente a sustentabilidade em novos modelos ou práticas operacionais, reduzindo o ritmo de impactos significativos e duradouros.

A pesquisa também destaca os principais facilitadores e barreiras que, segundo os funcionários, afetam sua capacidade de gerar impactos positivos no trabalho.

Entre os principais facilitadores citados está uma cultura organizacional de apoio, que promove autonomia, escuta novas ideias, incentiva o trabalho em equipe e a inovação, além de criar altos níveis de comunicação e transparência. Outro facilitador importante é uma forte colaboração, tanto entre departamentos internos quanto com partes interessadas externas, como clientes, comunidades e fornecedores, para gerar valor de longo prazo. Uma entrevistada no Brasil, por exemplo, aponta que “parcerias com instituições e setores da administração pública” facilitam a transição justa.

Por outro lado, os principais obstáculos incluem a percepção de que a sustentabilidade é vista como responsabilidade de outros entes e está fora do escopo de trabalho dos funcionários ou simplesmente falta tempo e essa intenção fica em segundo plano. Outra barreira comum é a sensação de falta de empoderamento para implementar novas ideias devido ao excesso de hierarquia, falta de apoio da gestão ou de poder para tomar decisões. Por fim, os empregados citam a falta de conscientização sobre questões sociais e ambientais e as limitações financeiras.

Esses achados sugerem que, embora as empresas possam ter ambições de sustentabilidade bem-intencionadas, elas precisam investir na transformação de sua cultura organizacional e em sistemas operacionais para aproveitar plenamente o potencial de seus funcionários.

Sarah Jefferson, diretora da iniciativa Changemaker Companies da Ashoka, comentou: “Há uma grande oportunidade para as empresas mobilizarem suas equipes em ações de sustentabilidade. Os funcionários desejam contribuir, mas precisam de um ambiente organizacional que potencialize suas iniciativas.”

Criar um ambiente de trabalho onde os empregados possam se engajar efetivamente com a transição justa é essencial para preencher a lacuna entre intenção e ação e integrar a sustentabilidade no núcleo das operações empresariais.

O estudo formulou três perguntas:

Por favor, indique se você concorda totalmente, concorda parcialmente, discorda parcialmente ou discorda totalmente com cada uma das seguintes afirmações:

1. Há uma lacuna entre o que minha empresa diz sobre responsabilidade social e ambiental e como realmente nos comportamos.
2. Quanto mais social e ambientalmente responsável minha empresa se torna, mais motivado e leal me torno como funcionário.
3. Estou ajudando a criar soluções sociais e ambientais positivas no meu trabalho.

O que mais lhe permite ajudar a criar soluções sociais e ambientais positivas em seu trabalho?

O que mais impede sua contribuição a soluções sociais e ambientais positivas no seu trabalho?

Metodologia:

A GlobeScan conduziu uma pesquisa online com aproximadamente 1.000 pessoas adultas em cada um dos 31 países e territórios, exceto Hong Kong, Quênia, Nigéria e Singapura, onde a amostra foi de 500 pessoas, e Brasil e EUA, onde a amostra foi de 1.500 pessoas.

As perguntas incluídas neste levantamento foram feitas apenas para aquelas que declararam atualmente trabalhar em uma grande empresa com fins lucrativos, com mais de 1.000 funcionários. O total da amostra foi de 8.613 pessoas.

A coleta de dados ocorreu em julho e agosto de 2024.