Dia Mundial da Alimentação: Conheça membros da comunidade Ashoka Brasil que atuam em sistemas alimentares

Foto em preto e branco. No canto, há frutas, verduras e legumes. Ao lado, uma frase com os dizeres: "A fome é, conforme tantas vezes tenho afirmado, a expressão biológica de males sociológicos", frase de Josué de Castro, Homens e Caranguejos, 1967
Fonte: Ashoka Brasil

No Dia Mundial da Alimentação (16/Out), celebramos a densa rede de agentes de transformação que trabalham para promover justiça social e ambiental nos sistemas alimentares — da produção e processamento à comercialização, transporte e consumo. Num momento em que a desigualdade se agrava em nosso país e a fome se reinstala atingindo todos nós, é preciso agir! 

Neste resumo, ainda que incompleto, das iniciativas de Empreendedores/as Sociais Ashoka, você encontra exemplos que mostram como é possível promover transições alimentares justas, com acesso à terra, à nutrição, à saúde e em favor da resiliência comunitária.

Convidamos você a conhecê-los, segui-los e a adaptar suas iniciativas para o seu contexto. Se você também trabalha para tornar os sistemas alimentares mais justos e sustentáveis, compartilhe suas histórias com a gente, pelo [email protected] ou pelas redes sociais.

O Fellow Valmir Ortega co-criou o Instituto Conexões Sustentáveis (Conexus) em 2018, com foco em apoiar as organizações de base comunitária que atuam na Amazônia, Cerrado, Pantanal e Caatinga, ajudando a proteger os diferentes biomas e incentivando a geração econômica das famílias locais. Atuando como facilitadora e conectora, a Conexsus preenche as lacunas da cadeia de valor para fortalecer uma nova economia, contornando barreiras políticas e econômicas e criando um impacto sistêmico. Com essa abordagem, aproximadamente 7.500 famílias já foram beneficiadas pela Conexsus, cobrindo uma área com mais de 175.000 pessoas diretamente impactadas por um ecossistema econômico que preza pela preservação da biodiversidade e contribui para a superação da pobreza e da exclusão social. 

Além disso, Valmir fundou a Belterra Agroflorestas, que busca parcerias com pequenos e médios agricultores para criação de florestas produtivas em áreas degradadas, melhorando a vida dos produtores familiares e, prioritariamente, recuperando áreas e fazendo a implementação de sistemas agroflorestais. "O nosso desafio é desenvolver negócios que ajudem a recuperar áreas degradadas, ajudem a recuperar a floresta e também a superar o abandono de pequenos e médios agricultores no Brasil em relação à assistência técnica, ao acesso e ao financiamento", explica Valmir em uma entrevista.  

A Fellow Ana Paula Morales é co-fundadora da Agência Bori, um serviço especializado em apoiar a cobertura jornalística à luz de evidências científicas. Ela faz isso a partir de uma série de produtos e serviços oferecidos a jornalistas cadastrados (banco de fontes, divulgação de pesquisas ainda inéditas, cursos, workshops, webinars etc.). Em Sistemas Alimentares, a Agência Bori reúne pesquisas explicadas em áreas como agronomia, nutrição e saúde pública, alimentação e ambiente e outros temas que envolvem a cadeia de produção dos alimentos até chegar à mesa das pessoas. Veja mais sobre a Agência Bori no Instagram

A Fellow Elisabeth Cardoso faz parte do Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA/ZM) e do GT de Mulheres da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA). Ela criou a Caderneta Agroecológica, uma ferramenta político pedagógica de coleta de dados que torna visível o valor econômico da produção de mulheres da agricultura familiar, camponesa e de povos e comunidades tradicionais. Assim, abre caminhos para que essas mulheres tenham acesso a oportunidades de assistência técnica, financiamento, crédito e outros programas públicos.  

“A agricultura, enquanto era uma atividade de produção de alimentos, era feminina. Quando ela passa a ser uma atividade que gera dinheiro, aí passa para a mão dos homens. Porque, na verdade, tudo o que se relaciona com o dinheiro é visto como masculino. O trabalho doméstico, não. Porque não é remunerado (...) Aí a gente começou a perceber essa movimentação econômica nos quintais. Aquele espaço ao redor da casa é um espaço de domínio das mulheres, onde elas produzem muito para a alimentação da família. Começamos a sistematizar essa produção para que a gente pudesse dar visibilidade e valorizar o trabalho e a produção delas", diz Elisabeth nesta entrevista.

Beth também está na está na lista das “100 Mulheres Poderosas do Agro” divulgada pela Revista Forbes

 

Diversos outros Fellows da Ashoka no Brasil lideram iniciativas em Sistemas Alimentares:

Abdalaziz Moura e o Serviço de Tecnologia Alternativa (SERTA) está mudando a educação formal nas escolas rurais para torná-la mais aplicável aos estudantes e famílias que vivem em áreas predominantemente agrícolas. A abordagem contraria o êxodo dos jovens para as cidades, ancorando-os nos valores, necessidades e oportunidades que são exclusivos de sua comunidade. 

David Hertz e Gastromotiva oferecem, com ênfase na gastronomia, um programa de desenvolvimento pessoal e profissional para jovens marginalizados. O alimento é utilizado como ferramenta de transformação social através da educação, inclusão e combate ao desperdício.   

Hans Temp, com sua experiência na agricultura, tem facilitado hortas comunitárias para pessoas em áreas urbanas marcadas pela violência e pela perda da coesão social; proporcionando assim um senso de auto-valor, dignidade e comunidade. Através dessas hortas, Hans está criando oportunidades para melhorar a qualidade de vida das pessoas, gerar sustentabilidade econômica e reconstruir o tecido social. A ONG Cidades sem Fome desenvolve núcleos de produção de alimentos em áreas não utilizadas nas grandes cidades. 

Jeronimo Villas-Bôas está trabalhando com diferentes setores para reconhecer e fortalecer a apicultura nativa, valorizando a diversidade do produto, gerando renda para seus guardiões tradicionais e, finalmente, conservando as 250 espécies de abelhas nativas. Através da Reenvolver, uma empresa de atuação social, fortalece cadeias produtivas e agrega valor a outros produtos da sociobiodiversidade. Concebe e executa projetos de desenvolvimento local, especialmente com agricultores familiares e comunidades tradicionais, em parceria com a iniciativa privada e organizações não governamentais.

Laury Cullen é Engenheiro Florestal e pesquisador científico junto ao IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas. Ele criou um modelo agrícola que é ambientalmente sustentável e que oferece oportunidades de produção e propriedade para preencher a lacuna nas disputas arraigadas do Brasil sobre direitos de terra. 

Paula Johns é cofundadora da ACT Promoção da Saúde, organização que trabalha com a prevenção dos principais fatores de risco para as doenças crônicas não transmissíveis, entre eles a alimentação não saudável.  

A ACT tem como ideia de que ambientes saudáveis promovem escolhas saudáveis. Por isso, fomenta políticas públicas, medidas fiscais e outras medidas regulatórias que facilitem o acesso a uma alimentação adequada e saudável e diminuam o acesso à alimentos ultraprocessados. Uma de suas ações é a Tributação de Bebidas Adoçadas.  

Paula é ainda cofundadora e membro do núcleo gestor da Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável, uma coalizão que reúne organizações da sociedade civil, associações, coletivos, movimentos sociais, entidades profissionais e pessoas físicas que defendem o interesse público com o objetivo de desenvolver e fortalecer ações coletivas que contribuam para a realização do Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA). 

Suzana Pádua é co-fundadora do IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas, localizado em Nazaré Paulista, uma área de conservação relativamente empobrecida que faz fronteira com a Mata Atlântica e é uma importante fonte de água para a cidade de São Paulo. Lá, Suzana Pádua desenvolveu um novo modelo de engajamento comunitário na proteção ambiental. 

Sebastião Alves desenvolveu um modelo para criar práticas agrícolas sustentáveis e aumentar a qualidade de vida no sertão rural, combinando o conhecimento local com a moderna tecnologia agrícola. Este novo modelo de desenvolvimento está espalhado pela região nordeste do Brasil e pode ser aplicado em qualquer parte do mundo. 

Teresa Corção é fundadora do Instituto Maniva, que trabalha no fortalecimento da relação de chefs e cozinheiros e agricultores, extrativistas, pescadores promovendo a alimentação brasileira. Assim, traz os alimentos tradicionais do Brasil de volta à vida nos principais mercados culinários. Teresa também iniciou em 2002 o “Projeto Mandioca”, ensinando às crianças em escolas públicas como preparar tapiocas através da história, música e folclore. 

Thaise Guzzatti e a Acolhida na Colônia, fundada em 1999, desenvolve um modelo de agroturismo que traz novas fontes de renda para as famílias rurais, impulsiona o desenvolvimento e rural, preserva a cultura, o meio ambiente e a comunidade local e beneficia os turistas.  

Wilson Passeto capacita os cidadãos comuns a tomar medidas para combater a escassez de água urbana, fornecendo-lhes uma série de incentivos e inovações técnicas para reduzir seu consumo de água. 

 

Jovens Transformadores envolvidos em ações de defesa do meio ambiente:

Luan Torres criou o Projeto Arbo e o CASA (Centro de Apoio Socioambiental) para combater desafios sociais e ambientais no sertão de Pernambuco, a fim de combater a fome, o desmatamento e proteger a saúde das pessoas e do planeta. 

Hudson Terra, através do projeto "Desintoxicação: águas que salvam, hortas que transformam", une a recuperação de cursos d'água da cidade ao desenvolvimento de hortas comunitárias. Hudson vem estudando técnicas de despoluição da água desde o Ensino Médio e aperfeiçoando o uso de sementes na filtragem e redução de bactérias. 

Vitor Zanelatto, para tornar a agricultura mais sustentável, Vitor e seus pares estão trabalhando com os agricultores para preservar e proteger a socio-biodiversidade de sua região.