Agora jovens têm roteiros para organizar debates públicos nas escolas

Ashoka e Encrespad@s incentivam estudantes a promover a cultura democrática e a assumir a liderança nas conversas sobre as mudanças em curso no país
Debates Políticos

A Ashoka, em parceria com o coletivo jovem Encrespad@s, está lançando uma série de roteiros para incentivar estudantes a liderar a organização de debates públicos nas escolas. A iniciativa dá continuidade ao grande esforço de campanhas pelo primeiro voto, que teve foco nos jovens que completam 16 e 17 anos antes das próximas eleições. Os primeiros materiais estão disponíveis aqui.

Os Percursos de Debates Públicos na Escola são um chamado para a ação dos jovens. Eles mostram como, na prática, é possível se organizar coletivamente nas escolas para incidir nas decisões políticas da escola, da comunidade, da localidade. Os percursos começam incentivando os jovens a se perceberem como agentes de mudança e auxiliam na identificação dos temas mais relevantes para a comunidade escolar, aquelas que animam o debate. Podem estar relacionados à vida dentro da escola, mas também à mobilidade, alimentação, segurança, habitação, equidade, trabalho e renda, sustentabilidade, enfim todos os grandes desafios e mudanças em curso no país, explica Andrea Margit, líder de novos paradigmas e comunicação da Ashoka.

Outros percursos fomentam a participação ativa dos estudantes no planejamento pedagógico e nos processos de decisão da escola, propondo reflexões sobre o sistema de educação. Quem decide o que vamos estudar? Os alunos ou a comunidade ajudam a definir prioridades no orçamento escolar? Como é escolhida a diretoria da escola, há eleição? Ou como o Ensino Médio é impactado pelos processos de avaliação externa e seleção para o ensino superior? 

Ainda há roteiros que instigam o debate sobre agendas propositivas que orientem as políticas públicas de educação, mas também as políticas econômicas, sociais e ambientais, com temas relacionados à justiça ambiental, equidade racial, diversidade de gênero e defesa de direitos. 

A ideia dos Percursos de Debates Públicos na Escola nasceu da criação coletiva de 27 propostas para um Ensino Médio Democrático, Inclusivo, Integral e Transformador, que foram formuladas durante discussões e convergências com mais de 500 estudantes, professores, gestores e pesquisadores, representando cerca de 100 organizações. As propostas foram publicadas em 2020 pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, a Ashoka e a Campanha Nacional pelo Direito à Educação, mas só agora se materializam em ferramentas de educação e engajamento. 

“Para responder aos desafios da desigualdade, da pandemia e das mudanças aceleradas destes tempos, as escolas têm que se converter num lugar onde possamos arquitetar as transformações sociais juntos'', diz Helena Singer, líder da estratégia de juventude da Ashoka. “É pensando no fortalecimento do diálogo democrático e político que estamos produzindo e difundindo estes percursos de debates, juntamente com coletivos jovens. Acreditamos que a escola pode ser um espaço onde o debate público com respeito é a norma, onde todos desejam e podem participar”, complementa Helena.

O site, que já conta com seis roteiros, será atualizado ao longo das próximas semanas até disponibilizar o passo a passo para a realização de debates públicos sobre uma vasta gama de temas de interesse das juventudes. De acordo com Bruno Souza, pedagogo e articulador do coletivo Encrespad@s, “a ideia é que os jovens possam pôr a mão na massa, pensar e desenvolver ações a partir da sua própria realidade e assim também construir os seus próprios percursos de intervenção para abrir espaços democráticos, dentro e fora da escola”.

“A gente espera que estes percursos levem aqueles jovens que se encantam com o debate público a inspirar outros jovens, e que todos se envolvam na análise das propostas daqueles que querem nos representar. Esse exercício do debate também convida os estudantes a serem propositivos, a se fazerem ouvir por toda a comunidade escolar, incluindo professores, secretarias da educação, lideranças comunitárias, mostrando que a escola pode ser esse espaço de participação nas decisões e responsabilidades que dizem respeito ao convívio e às aprendizagens”, complementa Bruno.

Para Marcelo Borges, Jovem Transformador Ashoka, recém ingressado no curso de Jornalismo da UFMT, esta iniciativa é crucial num momento em que há muita polarização de opiniões. “A conversa se apresenta como o melhor antídoto contra divisões e intolerância.” Ele acredita que a diversidade sociocultural do Brasil vai levar muitos jovens a desenvolverem percursos de debate específicos ao contexto de sua localidade. A começar por ele, que produziu o percurso para debates sobre Um Ambiente Saudável para Todes, Sem Sacrifícios e logo quis apresentar a iniciativa à Secretaria de Educação de Goiás, estado onde cursou a educação básica.

Os jovens interessados em participar, podem acessar ou baixar os roteiros gratuitamente no site www.ashoka.org/debates-publicos-nas-escolas, usá-los em suas escolas e compartilhar depoimentos, fotos, videos, dúvidas e comentários por email [email protected] ou pelo Instagram da @ashokabrasil