A white man wearing a black t-shirt in which is written "AMAZ" and "Idesam". He has short curly hair, moustache and short beard, with a few white hairs in his beard. He is smiling and his background there are some trees and plants, but they are a little blurred, as the camera focused on Mariano.
Ashoka Fellow desde 2023   |   Brazil

Mariano Cenamo

IDESAM
Atuando no coração da Amazônia há 20 anos, Mariano se dedica a construir, apoiar e investir em uma nova geração de empreendedores e negócios de impacto comprometidos com o desenvolvimento sustentável…
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Esta descrição do trabalho de Mariano Cenamo foi preparada quando Mariano Cenamo foi eleito para a Ashoka Fellowship em 2023.

Introdução

Atuando no coração da Amazônia há 20 anos, Mariano se dedica a construir, apoiar e investir em uma nova geração de empreendedores e negócios de impacto comprometidos com o desenvolvimento sustentável da região.

A nova ideia

Após uma longa trajetória de sucesso à frente do IDESAM, ONG que fundou em 2004, Mariano criou a AMAZ Aceleradora de Impacto, dedicada a formar e amplificar negócios que tenham como objetivo resolver os problemas sociais e ambientais mais relevantes da Amazônia. Ao identificar, acelerar e investir em novas gerações de empreendedores de impacto, Mariano está impulsionando a bioeconomia sustentável na região, que é construída pelos e com os povos da Amazônia, para os povos da Amazônia e em harmonia com a floresta.

Nascido em São Paulo, Mariano saiu de casa aos 17 anos para estudar engenharia florestal em Piracicaba (ESALQ/USP), e de lá, recém-formado, mudou-se para Manaus. Autodenominado como um “paulista de nascimento e amazonense de criação”, sempre buscou inovar e quebrar barreiras para construir um mundo melhor. O IDESAM cresceu rapidamente, e logo se viu no dilema entre ampliar seus projetos, serviços e territórios de atuação direta ou tentar criar um modelo diferente de atuação, baseado em redes de parceiros, empreendedores e atração de investimentos privados. Assim, em 2017 reuniu um grupo de parceiros e ajudou a criar uma rede de engajamento do setor privado chamada Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA), de onde surgiu o primeiro programa de aceleração de startups exclusivamente dedicado para a Amazônia, que mais tarde evoluiu para a criação da AMAZ, incubada dentro do IDESAM através de um fundo inovador de financiamento híbrido (blended finance).

A AMAZ é considerada a maior aceleradora e investidora em negócios de impacto do norte do país. Ao longo de três anos de processo seletivo (2021, 2022 e 2023) analisou mais de 350 negócios e investiu em 20 deles com alto impacto socioambiental positivo. É a primeira aceleradora a investir exclusivamente na região, operando com um fundo inicial de R$ 25 milhões, e que deve ser ampliado nos próximos anos. A meta da AMAZ é alavancar pelo menos mais R$ 100 milhões de investimento e conservar ou restaurar 10 milhões de hectares de florestas, gerando renda sustentável para 10 mil famílias a partir da bioeconomia. Ao buscar e investir nesses empreendedores, Mariano está provando que os negócios de impacto associados à bioeconomia sustentável existem e são um dos caminhos fundamentais para o futuro da Amazônia.

O diferencial do IDESAM sempre foi atuar de forma inovadora em diversas frentes simultâneas: prestando assistência técnica para comunidades e agricultores rurais e construindo programas e políticas públicas junto a governos em nível estadual e nacional; criando projetos de créditos de carbono para promover conservação de florestas e geração de renda para comunidades tradicionais; ou atraindo investimento privado da “Faria Lima” para empreendedores da floresta. A estrutura de investimento e o apoio oferecido por Mariano através da AMAZ foi construída com base em seus conhecimentos, contatos e sua própria trajetória como empreendedor social. Ao compartilhar seu conhecimento acumulado com outros empreendedores sociais que, como ele, têm enfoque na construção de uma nova bioeconomia, o IDESAM, por meio da AMAZ, está aumentando a qualidade de vida das comunidades locais, preservando a floresta e contribuindo para a estruturação de uma nova economia na região.

O problema

O bioma amazônico abriga a maior floresta tropical do mundo, com rica diversidade de fauna e flora e um alto nível de endemismo. A biodiversidade da Amazônia desempenha um papel fundamental nos sistemas globais, exercendo forte influência sobre o ciclo do carbono, e, consequentemente, nas mudanças climáticas, além de impactar os sistemas hidrológicos hemisféricos, sendo uma âncora para os padrões de chuvas na América do Sul. Segundo o último Censo do IBGE, 26,7 milhões de pessoas (entre populações tradicionais e familiares) no Brasil vivem na região. São mais de 180 povos indígenas, além de numerosas comunidades quilombolas e ribeirinhas que têm um papel fundamental na manutenção da floresta e de seus recursos há muitas gerações.

Apesar da importância socioeconômica, a região amazônica apresenta um Índice de Progresso Social (IPS) de 54,32, abaixo da média nacional de 67,94, segundo estudos do Imazon (2023). A Amazônia ocupa cerca de 60% do território nacional, mas é responsável por menos de 8% do PIB brasileiro. Dos quase 30 milhões de habitantes, cerca de 40% da população vive abaixo da linha da pobreza, quase o dobro da média nacional (22,1%).

Atualmente, a economia da região depende principalmente da exploração de recursos naturais e minerais, do agronegócio e da Zona Franca de Manaus - um centro industrial, comercial e agrícola criado para atrair capital (estrangeiro) com base em incentivos fiscais. Além dos desafios econômicos, o tráfico de drogas, a exploração mineral predatória, as ameaças aos direitos sociais e humanos, a perseguição e o assassinato de líderes locais e a crescente pressão sobre as áreas protegidas são exemplos da violência cotidiana à qual a população é sistematicamente submetida.

Assegurar um futuro justo e próspero para todas as formas de vida na Amazônia está diretamente ligado à capacidade de criar uma nova economia, fundamentada em negócios que promovam a conservação, a restauração e o uso sustentável da floresta. Para isso acontecer é imperativo substituir a atual dinâmica de uso da terra que impulsiona o desmatamento na região, como a agricultura convencional, pecuária extensiva, mineração descontrolada, extração ilegal de madeira e grilagem de terras. A mudança no uso da terra é responsável por quase metade das emissões de gases de efeito estufa do Brasil – cerca de 80% das quais são resultado do desmatamento na Amazônia. A promoção de uma nova bioeconomia é essencial como parte de uma estratégia sistêmica para manter a floresta em pé e, ao mesmo tempo, aumentar a geração de renda na região.

Atualmente, existem muitos negócios de impacto de médio e pequeno porte que promovem a bioeconomia na Amazônia. Eles são liderados por pessoas que criaram formas inovadoras de uso sustentável e repartição de benefícios da biodiversidade com as comunidades. No entanto, a disparidade de investimento e apoio do governo faz com que esses negócios não sejam competitivos no mercado tradicional, inibindo possibilidades de crescimento significativo. Os povos da floresta e aqueles que trabalham para as cadeias de valor sustentáveis na Amazônia precisam adquirir confiança, competência e recursos para mudar a lógica por trás do empreendedorismo na floresta. O crescimento de novas oportunidades de negócios que protejam o bioma amazônico, seus povos e saberes e a construção de uma forte rede de negócios sustentáveis são fundamentais para um novo modelo bioeconômico.

A estruturação de um sistema voltado para gerar impacto positivo para a Amazônia, em que uma diversidade de atores complementares trabalhe em rede para apoiar essa nova bioeconomia, é fundamental para catalisar a mudança necessária para cuidar da maior floresta tropical do planeta e de sua socio biodiversidade.

A estratégia

Mariano é um articulador de redes e empreendedores sociais e foi fundamental para o ecossistema de desenvolvimento da bioeconomia renovável e sustentável na Amazônia. A sua atuação tem criado as bases necessárias para o surgimento de uma nova economia no Brasil, abrangendo melhorias nas proteções legais para o bioma amazônico, investimentos em pesquisa científica de vanguarda e negócios sustentáveis. As experiências de Mariano na estruturação do IDESAM o levaram a compreender os desafios de um empreendedor na Amazônia, permitindo-lhe conceber esses programas interconectados que apoiam inovadores com ideias concretas para melhorar as condições de vida das pessoas e, simultaneamente, preservar a floresta.

Fundado em 2004, o IDESAM tem trabalhado em toda a Amazônia, com foco em quatro pilares estratégicos: a) agregar valor aos produtos da socio biodiversidade amazônica; b) atrair e gerenciar recursos financeiros dedicados à promoção de cadeias de valor sustentável; c) desenvolver uma rede de parceiros; e d) gerenciar e transferir conhecimento. Por meio dessas estratégias, Mariano está atingindo três eixos fundamentais para mudanças sistêmicas, que ele descreve didaticamente como uma estrutura de educação progressiva, abarcando as várias fases necessárias para o desenvolvimento da nova bioeconomia amazônica.

Em primeiro lugar, ele está formando uma base produtiva sustentável por meio de assessoria técnica e de gestão às organizações sociais, juntamente com políticas públicas e conectando parceiros ao longo das cadeias de valor. É a forma que o IDESAM prepara empreendedores, produtores rurais e extrativistas1 para desenvolver atividades produtivas sustentáveis que obtenham maior retorno financeiro e fazer com que seus produtos sejam mais valorizados pelo mercado consumidor. A atuação do IDESAM em seus diferentes programas estrutura-se de maneira análoga a uma instituição de ensino médio na escola do empreendedorismo, oferecendo suporte à estruturação de cadeias de valor da conservação e restauração de florestas e da produção sustentável. O trabalho de longo prazo realizado pelo IDESAM no coração da floresta foi a semente para a criação da AMAZ, de outras aceleradoras e incubadoras e tem sido fundamental para a atração de investimentos públicos e privados para a socio bioeconomia na Amazônia.

Atualmente, o IDESAM atua em 37 diferentes cadeias de valor sustentável na Amazônia, desde parcerias locais para a produção de bens de consumo até a construção de um turismo de base comunitária. Dois exemplos relevantes de cadeias de valor que se complementam são os créditos de carbono e a produção agroflorestal de café. O IDESAM foi pioneiro em quebrar a exclusividade das grandes empresas no mercado de carbono, apoiando comunidades locais, tradicionais e indígenas e pequenos proprietários a se beneficiarem dos créditos de carbono. Esse trabalho de vanguarda se transformou no que eles chamam de Serviços Ambientais e no Programa Carbono Neutro (PCN), em que se desenvolvem parcerias com pessoas físicas e empresas para neutralizar pegadas de carbono, investindo em Sistemas Agroflorestais e capacitando as comunidades que os administram.

O segundo exemplo é o Café Apuí, o primeiro café cultivado à sombra produzido na Floresta Amazônica. Esse projeto sintetiza a capacidade do IDESAM de desenvolver e manter cadeias de valor sustentáveis na Amazônia. É uma das experiências-semente para a criação da AMAZ. Responsável por 92 hectares de áreas reflorestadas, as plantas de café são cultivadas em associação com outras espécies nativas, como andiroba, ipê e jatobá. O modelo agrícola do Café Apuí elevou o valor dos grãos de café e permitiu a emissão de créditos de desmatamento evitado. Além de aumentar em 66% a produtividade por hectare, consequentemente aumentando em 300% a renda do produtor por hectare produtivo, os agricultores plantam sem agrotóxicos, comprovando ser um modelo agrícola mais saudável, sustentável e rentável.

Em segundo lugar, o IDESAM se concentra no desenvolvimento de soluções tecnológicas para uma bioeconomia sustentável, de modo que sejam comercialmente viáveis e atuem sobre os gargalos que impedem que os produtos sustentáveis sejam aceitos ou consigam ser absorvidos pelas indústrias de grande escala. Considerado por Mariano como o programa de especialização do IDESAM, o PPBio (Programa Prioritário de Bioeconomia) entra focado na pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação de novos produtos.

O melhor exemplo para ilustrar esse objetivo é o trabalho com a Zona Franca de Manaus para desenvolver o PPBio. Em parceria com a SUFRAMA (Superintendência da Zona Franca de Manaus), o IDESAM está coordenando o PPBio, uma política pública que conecta o Polo Industrial de Manaus (MIH) e a biodiversidade florestal, capturando os recursos obrigatórios de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) das empresas e transformando-os em novos negócios e tecnologias de bioeconomia na Amazônia Ocidental e nos Estados do Amapá. Nos últimos quatro anos, esse projeto obteve mais de R$128 milhões para investir em 15 cadeias de valor diferentes espalhadas por cinco estados da região Norte. Dessa forma, o PPBio transforma o conhecimento dessas empresas em soluções para problemas internos da floresta e agrega valor à atual bioeconomia amazônica. Dentre os projetos estão os biofertilizantes de biochar de açaí; FishTrader, uma plataforma de inteligência de informações de mercado para a maximização do lucro de piscicultores e da indústria de pescado; embalagens biodegradáveis de fécula de mandioca, com a incorporação de resíduos agroextrativistas; e o desenvolvimento de peças de bike ecossustentáveis a partir de resíduos de fibras amazônicas e resíduos poliméricos.

Por fim, a criação da AMAZ veio com o objetivo de promover o desenvolvimento e a aceleração de negócios sustentáveis para fortalecer aqueles que estão destravando a produção e a criação de centenas de produtos e serviços na Amazônia. Para Mariano, seria o equivalente ao ensino superior para o IDESAM, em que, finalmente após "graduados", os negócios entram na AMAZ para iniciar um ciclo de desenvolvimento e crescimento acelerado atraindo novos parceiros e investidores.

A AMAZ foi fundada em 2021 para alavancar o impacto do IDESAM a partir da síntese e compartilhamento das experiências e dos conhecimentos acumulados pela organização ao longo desses anos de atuação. Em vez de desenvolver cadeias de valor sustentáveis por conta própria, a AMAZ busca iniciativas inovadoras e empreendedores sociais que se alinham o propósito de criar uma nova bioeconomia amazônica. Então, oferece a experiência que o IDESAM acumulou ao longo dos anos para acelerar a entrada desses negócios no mercado. Ao fazer isso, a AMAZ consequentemente aumenta o impacto positivo dessas empresas, tecendo uma rede de redes e fortalecendo atores-chave de uma bioeconomia da Amazônia. Começando com uma chamada aberta voltada à rede de empresas verdes, o pipeline é reduzido a cerca de 20 iniciativas a serem pré-aceleradas. As que obtêm sucesso são selecionadas para participar do programa de aceleração e orientação. A jornada das empresas selecionadas é dividida em três etapas: modelagem, aceleração e alavancagem.

Na fase de modelagem, os finalistas estudam e planejam o seu potencial de crescimento e impacto. Na fase de aceleração, recebem um investimento de capital semente de até R$ 800.000 e participam de um programa de aceleração completo por 6 meses, especializado em negócios amazônicos, cobrindo as principais lacunas para fazer negócios na região. Isso inclui workshops, mentorias e apoio individual em assessoria jurídica, modelos contábeis, gestão, marketing, dentre outros.

A AMAZ estabelece parcerias com um grupo de organizações que têm profundo conhecimento das necessidades da região e/ou dos empreendedores. Alguns exemplos são a Conexsus (fundada pelo Fellow da Ashoka Valmir Ortega); Sitawi, organização com foco em financiamento híbrido para alavancar o capital filantrópico de empreendimentos sociais; e a SenseLab, uma empresa B que catalisa o desenvolvimento de pessoas, organizações e ecossistemas por meio de consultoria de planos de gestão, treinamento de liderança e desenvolvimento de redes. Na AMAZ, elas facilitam os complexos processos de coleta e criação da documentação necessária, fornecendo suporte metodológico para as iniciativas selecionadas para o último portfólio. Por fim, a fase de alavancagem leva de 3 a 4 anos de apoio às necessidades estratégicas e de investimento das empresas. Ela inclui a organização de novas rodadas de investimento com investidores e fundos parceiros; a realização de eventos e reuniões para articular, mobilizar e conectar a rede de empreendedores, empresas e parceiros; e a produção e disseminação de conteúdo técnico, analítico e de comunicação pública.

O processo é extenso, estratégico e customizado para os desafios da Amazônia. Os empreendedores beneficiados pela AMAZ indicam que o processo contribui para o seu desenvolvimento e crescimento no setor. Destacam as conexões propiciadas com novos investidores e parceiros; o lançamento de seus produtos; ou até mesmo o aumento de sua presença no mercado como fruto do processo da jornada com a AMAZ.

Para financiar esse programa de aceleração, Mariano construiu um modelo financeiramente sustentável em que conta com duas fontes principais de recursos: fundos filantrópicos e investidores privados. Os financiadores filantrópicos (Fundo Vale, Instituto Clima e Sociedade, Fundação Good Energies, Fundo JBS pela Amazônia e Instituto Humanize), que são cofundadores da AMAZ, têm assento no conselho da organização. Essa estrutura de governança enfatiza uma abordagem colaborativa, com compartilhamento regular de informações por meio de boletins, relatórios e reuniões trimestrais, promovendo conexões profundas entre os financiadores e o portfólio da AMAZ.

Além disso, as ativações do ecossistema e as reuniões anuais com o esse grupo contribuem para esse engajamento. Os investidores privados, por sua vez, comprometem-se com o ethos da AMAZ de acelerar negócios com alto impacto socioambiental comprovado na Amazônia, associados a cadeias de valor que reflorestam ou conservam a biodiversidade. Os termos financeiros envolvem o retorno dos fundos investidos em um prazo de dez anos (prorrogável por mais dois), acrescido da valorização da carteira. Uma taxa de administração de 5% e uma taxa de sucesso de 20% do valor valorizado da carteira são retidos e reinvestidos em novos fundos. Esse mecanismo promove um ciclo contínuo de sustentabilidade financeira, evitando que a AMAZ solicite mais investimentos filantrópicos em um curto período de tempo. Também supera as burocracias associadas aos fundos filantrópicos, fornecendo às empresas capital de giro para alavancagem do produto.

Esse modelo de financiamento híbrido, conhecido como blended finance, gera grandes expectativas. A previsão mais otimista é que ele cresça cerca de sete a oito vezes, o que significa um possível retorno de até 10 milhões de reais para a AMAZ para serem reinvestidos em outros negócios de impacto. Em termos de impacto, a AMAZ alcançou 3,6 milhões de hectares de conservação direta ou indireta da floresta - o equivalente a mais da metade do maior complexo de conservação da Amazônia administrado pelo governo, que totaliza 6 milhões de hectares - distribuídos em 45 municípios de 6 estados da região Norte. Por fim, as famílias obtiveram R$ 1,45 milhão em renda com a venda de produtos até 2022.

Num horizonte de 10 anos, Mariano prevê a emergência de se criar novos negócios desenvolvidos localmente na Amazônia e planeja a criação de um centro de inovação para atrair empreendedores e investidores em nivel nacional e internacional. Para isso, ele está construindo parcerias com o Instituto Clima e Sociedade (iCS), Fundo Vale, Good Energies, FutureBrands, Mercado Livre, dentre outras. A meta de Mariano e do IDESAM é investir pelo menos R$ 100 milhões na bioeconomia amazônica nos próximos anos. Com isso, a pretensão é ter pelo menos 100 agentes de mercado (empresas clientes, parceiros etc.), 90 cadeias de valor sustentável criadas, apoiadas ou desenvolvidas e 226 negócios, organizações sociais e/ou soluções sendo apoiadas. Mariano está mudando a compreensão do que pode ser feito com negócios de impacto na Bacia Amazônica e, assim, está atraindo muito mais investimentos para a visão de uma nova bioeconomia sustentável para a região.

A pessoa

Mariano cresceu em São Paulo em uma família de ítalo-brasileiros, com um avô que migrou da Itália na década de 1940. Sua família sempre viajava para a praia ou para o campo e, durante essas viagens, o amor e o interesse dele pela natureza cresceu.

Diante disso, decidiu estudar Engenharia Florestal. Durante um ano sabático na Austrália - país que sempre esteve na vanguarda das causas ambientais - trabalhando em uma fazenda de uvas e estudando inglês, ele aprendeu sobre créditos de carbono. Mariano ficou intrigado com a ideia de valorizar os serviços ambientais pelo que eles proporcionam à humanidade. Como não havia ninguém trabalhando com o tema em sua universidade no Brasil, ele procurou pesquisadores em diferentes áreas de estudo e mais tarde foi contratado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea).

No início, Mariano participou de workshops, viajou pelo mundo para participar de conferências e conseguiu um estágio no governo do Estado do Amazonas para estudar o potencial de geração de créditos de carbono na Amazônia. Mas ele começou a sentir falta da pessoa que era quando iniciou essa jornada, que sonhava em ir para a floresta apoiar o desenvolvimento sustentável. Além disso, durante esse período, ficou claro para ele que os projetos de carbono florestal no Brasil destinavam-se apenas ao reflorestamento - não havia nenhum projeto que incentivasse a contenção do desmatamento.

Para buscar o que ele achava que poderia ter um impacto positivo maior, aos 23 anos, Mariano deixou a vida em São Paulo para criar sua própria organização na Amazônia. Apesar de saber que ainda tinha muito a aprender, Mariano ficou entusiasmado com a autonomia e o potencial de transformação dessa aventura. Ele sabia que a região amazônica tinha muitos empreendedores, mas o conceito de empreendedorismo sustentável ainda não era um tema em voga. Para ele, estava claro que conservar a floresta significava mantê-la em pé, e foi por isso que ele criou o IDESAM.