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Ashoka Fellow desde 2024   |   Brazil

Carolina Videira

Turma do Jiló
Carola está tornando a educação inclusiva uma realidade, conectando escolas, comunidades e o setor privado nesse esforço conjunto. Ao desenvolver estratégias práticas para incorporar a empatia nas…
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This description of Carolina Videira's work was prepared when Carolina Videira was elected to the Ashoka Fellowship in 2024.

Introdução

Carola está tornando a educação inclusiva uma realidade, conectando escolas, comunidades e o setor privado nesse esforço conjunto. Ao desenvolver estratégias práticas para incorporar a empatia nas escolas, ela constrói um sistema educacional que beneficia a todos.

A nova ideia

Carolina (também conhecida como Carola) está mudando a forma como as escolas e as comunidades abordam a educação inclusiva, para atender às exigências da Lei Brasileira de Inclusão, e para ir além, beneficiando a sociedade como um todo. Ela conecta o sistema educacional, o setor privado e as comunidades para superar barreiras de forma coletiva, garantindo que ninguém enfrente os desafios da inclusão sozinho. Sua organização, Turma do Jiló, trabalha com professores, estudantes e famílias para permear todo o ambiente escolar com cuidado e empatia, além de uma pedagogia inclusiva.

Professores que se sentem desestimulados com os desafios na sala de aula são ouvidos por Carola e convidados a inovar criando currículos inclusivos e individualizados. Os currículos são pensados não apenas para incluir pessoas com deficiência, mas também para acomodar outras necessidades dos estudantes. Ao mesmo tempo, a Turma do Jiló ajuda as escolas que fazem parte do seu programa 360º a lidar com questões de acessibilidade em sua infraestrutura, trazendo parceiros do setor privado, por exemplo, que podem ajudar com a adaptação da infraestrutura. Uma vez que uma escola tenha passado pelo seu programa 360º, ela está habilitada a continuar inovando de acordo com as necessidades de estudantes e professores, trazendo parceiros de diversos setores. O sucesso dessa metodologia reduziu significativamente as taxas de evasão escolar - uma escola piloto passou de 37% para menos de 1% de evasão depois da parceria com a Turma do Jiló.

Carola constrói parcerias municipais, priorizando o nível onde são tomadas decisões importantes sobre a implementação de políticas públicas educacionais. Após começar seu trabalho na escala municipal, ela está em processo de estabelecer parcerias com redes estaduais e parceiros internacionais. Outros parceiros incluem fundações, universidades, investidores comerciais e departamentos de RH de empresas que têm a inclusão como princípio.

Diretores de escolas a procuram porque observam o impacto positivo nas instituições que já participam do programa. O trabalho de Carola reforça a necessidade de investimentos na educação de qualidade e inclusiva, preparando uma força de trabalho mais diversa. O trabalho principal da Turma do Jiló no sistema educacional agora apoia uma rede mais ampla de ações voltadas à remoção de barreiras para uma educação inclusiva. Observando que as escolas particulares continuavam à margem da aplicação rigorosa das leis de inclusão, Carola criou um programa de voluntariado juvenil para apresentar seu modelo e metodologia aos estudantes dessas instituições. Ela também começou a trabalhar com empresas para projetar e implementar a contratação de pessoas com deficiência, criando novas oportunidades para elas no mercado de trabalho.

O problema

A educação inclusiva é uma abordagem que integra a educação especial ao sistema educacional regular, em vez de separar os alunos com necessidades educativas especiais de seus colegas. A diversidade e a inclusão têm sido um dos maiores desafios da educação e uma barreira para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e democrática.

Em 2015, o Brasil promulgou a Lei 13.146, conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência (PCD) para garantir o direito à igualdade de oportunidades e à proibição de qualquer tipo de discriminação. Esse foi um marco na história da educação inclusiva no Brasil, exigindo que todas as escolas públicas e privadas ofereçam o ensino a PCDs em igualdade de condições com os demais estudantes. No entanto, essa conquista enfrentou retrocessos a partir de 2020, quando o Governo Federal decretou uma nova lei que previa a possibilidade matrícula de crianças e adolescentes com deficiência em classes e instituições especializadas, segregando esses estudantes de estudantes sem deficiência. Em um discurso proferido pelo então ministro da educação, ele afirmou que os alunos com deficiência "atrapalham o desenvolvimento dos demais". Embora o grupo amicus curiae Coalização por uma Educação Inclusiva, do qual Carola fez parte, tenha conseguido advogar pela suspensão do decreto, medida que foi tomada poucos meses depois pelo Supremo Tribunal Federal , ficou patente o crescimento de um movimento de oposição à inclusão.

No Brasil, pelo menos 45 milhões de pessoas têm algum tipo de deficiência, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e 67% dessa população não concluiu o ensino fundamental ou não tem qualquer nível de escolaridade. A falta de acesso à educação também está presente em outros grupos - por exemplo, 71,1% dos estudantes que abandonam o sistema educacional são negros -, o que demonstra que a forma como o sistema educacional brasileiro está estruturado atualmente replica e reproduz desigualdades historicamente arraigadas na sociedade.

Embora a lei que exija educação inclusiva tenha sobrevivido à tentativa de revogação, as escolas enfrentam dois grandes desafios para acolher a diversidade de pessoas com deficiência no sistema educacional. Em primeiro lugar, muitas escolas já enfrentam problemas de infraestrutura básica, sem falar na infraestrutura inclusiva necessária para acomodar PCDs, e não têm recursos financeiros para as necessárias adaptações. Em segundo lugar, no Brasil há pouquíssimas universidades com cursos de especialização em educação inclusiva. O treinamento para professores de escolas públicas da educação básica raramente contempla a prática com uma classe 30 alunos ou mais que inclui pessoas com diferentes habilidades e deficiências. De forma geral, professores não chegam à escola com preparo para elaborar projetos e currículos inclusivos.

De acordo com a Sinopse Estatística da Educação Básica e Microdados do Censo Escolar, realizada pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), apenas 5,8% dos professores de classes regulares receberam algum tipo de formação continuada em educação especial em 2022. Isso significa que, de um total de 2.315.616 professores, 94,2% não haviam recebido formação em educação especial para incorporar essas práticas em suas aulas regulares1. Os profissionais da educação se sentem despreparados e sem apoio para atender às demandas de seus estudantes. Tanto a falta de financiamento quanto a falta de treinamento fazem com que as escolas desistam de tentar implementar mudanças e continuassem a perpetuar as desigualdades no sistema.

A estratégia

Carola está enfrentando as barreiras à educação inclusiva no Brasil sob várias perspectivas: construindo uma rede de escolas, secretarias de educação e empresas em apoio à ideia de que a inclusão beneficia toda a sociedade. Embora seu foco principal seja a educação de crianças e adolescentes, seu trabalho também está atento a todos os aspectos do ciclo de empregabilidade, desde a educação infantil até os ambientes de trabalho.

Como foco principal, Carola apoia as escolas na implementação da educação inclusiva e, ao mesmo tempo, a compreender os benefícios que essa transformação traz para todo a comunidade escolar. O Programa de Educação Inclusiva (PEI) da Turma do Jiló consiste em um programa de dois anos, sendo o primeiro ano para implementação e o segundo para monitoramento e adaptação do programa de acordo com as necessidades da escola. Carola e sua equipe coletam dados para entender às necessidades dos estudantes e avaliar as barreiras de acessibilidade na escola.

Em segundo lugar, a Turma do Jiló treina professores para mediar a aprendizagem e o convívio de grupos diversos de estudantes, com várias habilidades, incluindo pessoas com deficiências. Suas ferramentas pedagógicas enfatizam a neurociência numa perspectiva de que todos os cérebros, sem exceção, podem aprender. Também adota outras metodologias ativas para superar o déficit na formação dos professores, com atenção especial às diferentes formas de aprendizagem. São apresentados como recursos para professores utilizarem em seus planos de ensino e apresentação individualizada do currículo, à medida que compreendem diferentes formas de ler a BNCC (Base Nacional Comum Curricular) e tornar o currículo mais flexível e inclusivo. Os professores escolhem seus alunos com mais desafios de aprendizagem para elaborar um plano de aula dedicado a eles. Após a elaboração desse plano, os professores apresentam suas ideias para o grupo e recebem feedback um dos outros.

Carola tem na empatia cognitiva uma ferramenta fundamental para aproximar os diferentes atores da comunidade escolar. Assim exercita a capacidade do cérebro de considerar e imaginar, ouvir e responder sem julgamento ao ponto de vista de alguém com uma experiência diferente. Por exemplo, em uma roda de conversa os professores apresentam ao grupo seus próprios desafios e compartilham como eles afetam seu trabalho. Isso gera confiança e um senso de comunidade que acolhe as necessidades dos professores. Essas práticas de escuta e compreensão modelam a empatia cognitiva como uma ferramenta para os professores no planejamento de aulas para seus alunos e para os outros relacionamentos na rede que Carola desenvolve em torno de uma escola.

A Turma do Jiló também acrescenta ao currículo dos estudantes atividades relacionadas ao tema da diversidade e inclusão, levando-os a desenvolver projetos com base num tema relacionado. A agência dos alunos é, portanto, cultivada, pois cada sala pode escolher uma questão de seu interesse e discutir com o professor a dinâmica que gostaria de usar para aprender mais sobre ela. Nesse processo, eles também pensam em opções de acessibilidade para sua própria escola, trocando ideias entre si. A criação de um grêmio estudantil, por exemplo, enfatiza a agência dos alunos dentro do ambiente escolar.

O último elemento da Turma do Jiló, o programa para famílias, oferece apoio aos pais de crianças com deficiências, incentivando experiências compartilhadas e uma compreensão mais profunda das necessidades específicas de seus filhos. Eles também recebem um treinamento contra o preconceito e um treinamento de educação financeira com linguagem acessível.

Carola e sua equipe também realizam uma avaliação da acessibilidade da escola, garantindo que estudantes com deficiência tenham o apoio necessário para se movimentar livremente e aprender no ambiente escolar. Esse trabalho abrangente é possível graças a parcerias pro-bono com empresas e profissionais especializados.

A implementação do Programa de Educação Inclusiva em Santana do Parnaíba serve como exemplo de sucesso do uso dessa metodologia, pois a abordagem da Turma do Jiló evoluiu para uma política pública. Começando com uma única escola, seus resultados positivos nos estudantes levaram o município a adotar a abordagem como uma política pública, com o objetivo de que todas as escolas e professores sejam atendidos pelo programa de aperfeiçoamento profissional e estrutural. Essa expansão, que impactou cerca de 10.000 alunos e suas famílias e envolveu aproximadamente 1.000 professores, levou a uma redução surpreendente na evasão escolar, que caiu de 37,5% para 0,5%, incluindo crianças e adolescentes com deficiências que puderam acessar a escola local, além de outros grupos beneficiados, como estudantes que haviam abandonado os estudos. Após dois anos de implementação e revisão das estratégias, atualmente, o município administra o programa de forma autônoma.

O início dessa transformação em Santana do Parnaíba foi catalisado pelo Ministério Público, que procurou a Turma do Jiló para apoiar uma escola da cidade. Os resultados bem-sucedidos desse trabalho colaborativo à ampliação da escala do trabalho de uma escola no primeiro ano para duas no segundo e oito escolas no terceiro ano. Atualmente, 40 escolas passaram pelo treinamento, e a prefeitura tem como meta atingir 94 escolas no município. A partir da oitava escola, o modelo foi replicado pela própria secretaria municipal de educação.

Após a colaboração com a Turma do Jiló, o Ministério Público comparou os resultados dispositivos das escolas assistidas pelo programa com os das escolas não atendidas, observando também que o número de solicitações de transferências de professores de escolas não assistidas pelo projeto para as escolas assistidas aumentou significativamente. Além disso, alunos de escolas particulares com dificuldades de aprendizado começaram a enviar pedidos de transferência para escolas públicas onde o programa apoiava o desenvolvimento do currículo.

Diante desses resultados, o prefeito de Santana de Parnaíba e a Secretaria de Educação adotaram o programa como política pública, implementado por uma equipe especialmente preparada pela Turma do Jiló para manter essa replicação e implementação em outras escolas do município. Todos os anos, as escolas preenchem um relatório para que a Turma do Jiló possa continuar avaliando o progresso do programa nessa estrutura descentralizada. Santana de Parnaíba tornou-se referência de impacto do programa e um exemplo para outros municípios e secretarias de educação, que frequentemente visitam as escolas da cidade. Atualmente, a Turma do Jiló tem uma lista de espera de 180 escolas para executar programas piloto.

Algumas das escolas com as quais trabalham atualmente foram indicadas por parceiros, como o Instituto FEFIG, que levará o programa para o norte da Bahia, em oito municípios. Carola busca criar uma rede de instituições de ensino que já têm recursos e podem financiar seu trabalho em escolas ou instituições que não podem arcar com os custos do programa. É do trabalho em rede que vem o grande potencial da Turma do Jiló. Atualmente, eles têm uma parceria com a Fundação Bradesco para reformular o material didático sobre Educação Inclusiva usado no treinamento de professores.

Na área de advocacy, trabalham com as secretarias municipais para pessoas com deficiência e mapearam os parlamentares que apoiam projetos de inclusão para obter apoio financeiro para atender a esses grupos através de emendas parlamentares. Carola está trabalhando em parceria com a Secretaria de Estado da Educação de São Paulo (Seduc SP) para implementar e elaborar a Política de Educação Especial do Estado (PEE-SP). A Turma do Jiló realizará um diagnóstico em algumas escolas estaduais e, com base nos resultados, adaptará um treinamento às diretorias regionais de ensino para que elas possam replicar o modelo internamente. Começando com duas escolas, a ideia é que, como aconteceu em Santana de Parnaíba, as secretarias possam replicar o trabalho da Turma do Jiló em uma escala ampliada. Somente a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo atende a 5 milhões de alunos.

Carola também começou a disseminar seu modelo em escolas particulares, por meio de um programa de voluntariado juvenil que organiza atividades de diversidade e inclusão. Ela apresenta esses programas como uma forma de promover o protagonismo de estudantes, engajando jovens na abordagem de questões globais, promovendo o pensamento crítico e nutrindo empatia pelos desafios da sociedade. Os estudantes não apenas passam um ano inteiro implementando seus projetos, mas também podem apresentá-los em eventos internacionais, como quando o Nexus Global Summit, ampliando a capacidade da Turma do Jiló de causar impacto social e estabelecendo conexões com influenciadores globais como Malala Yousafzai. O programa de voluntariado começou a abrir portas em escolas particulares, onde a Turma do Jiló tinha mais dificuldade em influenciar a criação de currículos e iniciativas inclusivos. Este ano, o grupo de jovens voluntários da Turma do Jiló tornou-se uma disciplina eletiva em uma escola particular de elite em São Paulo.

As parcerias de Carola com o setor privado também expandiram seu alcance em termos de contratação e emprego inclusivos. Sua iniciativa "Todos Juntos" se concentra no desenvolvimento de estratégias de inclusão para empresas e na preparação do topo da cadeia para receber a diversidade. Um exemplo é o programa de inclusão na cadeia produtiva da Citrosuco, uma produtora de sucos com oito fazendas e 16 mil funcionários, que começará a contratar e treinar pessoas com deficiência para criar um ambiente mais inclusivo e diversificado. Carola também atua com os departamentos de responsabilidade social e marketing, apoiando o desenvolvimento de iniciativas nessas áreas nas empresas parceiras. A parceria com a Suzano Papel e Celulose, por exemplo, busca criar uma cadeia de valor inclusiva, envolvendo editoras que usam seu papel na produção de livros didáticos, por exemplo.

A única observação que gostaria de sugerir é um pequeno complemento: no trecho onde mencionam minha atuação com os departamentos de RH das empresas, creio que seria importante incluir também o departamento de responsabilidade social e marketing, já que atuo diretamente com essas áreas também. Os lucros dessas parcerias e seu trabalho em escolas particulares apoiam o trabalho da Turma do Jiló em escolas públicas.

Carola também dissemina estrategicamente seu conhecimento para combater a discriminação e promover a inclusão por meio do curso "Inclusão: Práticas Inclusivas e Gestão das Diferenças" do Instituto Singularidades no Brasil, impactando diversos setores da sociedade, principalmente influenciando futuros educadores em início de carreira e combatendo a falta de formação de professores em inclusão.

A Turma do Jiló está avançando na expansão de seu alcance, atuando em parceria com secretarias de educação municipais e estaduais nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Além disso, Carola está ampliando a oferta de cursos no Núcleo Jiló Educa, a plataforma online da Turma do Jiló para alcançar um público ainda maior. Com o objetivo de valorizar as diferenças e habilidades de pessoas com deficiência e outros grupos minoritários, Carola planeja aumentar o número de empresas que colaboram com o programa Todos Juntos, incentivando a adoção de práticas de contratação inclusivas.

A pessoa

Carola nasceu em Belo Horizonte. Filha do meio de uma família de três filhos, mudou-se muitas vezes por causa do trabalho de seu pai. A mobilidade e as múltiplas adaptações de Carola lhe ensinaram a valorizar a diversidade e a apreciar a alteridade. Quando se mudou para São Paulo, ainda criança, sofreu bullying pela primeira vez por ter um sotaque diferente e ser alta. Durante o mesmo período, ela também começou a perceber as hierarquias sociais que a cercavam no ambiente escolar e nos círculos sociais. Carola começou a se sentir desconfortável cedo e a questionar por que as pessoas valorizavam mais um sobrenome e riqueza do que a personalidade e a gentileza com uns aos outros. Sua jornada de vida e suas experiências moldaram lentamente sua maneira de pensar sobre inclusão e formaram as bases do trabalho da Turma do Jiló.

Aos 17 anos, ela decidiu estudar fisioterapia para proporcionar às pessoas uma melhor qualidade de vida. Ela começa a trabalhar com pessoas com deficiência na Associação de Assistência à Criança Deficiente. Fundou uma empresa para apoiar um melhor atendimento a seus pacientes. Por meio desse trabalho, ela aprendeu que os fisioterapeutas cobravam por cada visita no atendimento domiciliar e, para ganhar mais dinheiro, nunca davam alta aos pacientes. Carola desafiou essa cultura criando uma estrutura de cobrança diferente em sua organização, vendendo a companhia para focar na sua educação depois.

O ponto de inflexão como empreendedora social foi o nascimento de seu filho mais velho, João, que foi diagnosticado com deficiências. Recebeu pouco apoio de seus colegas na empresa em que trabalhava na época e foi informada de que teria que escolher entre o filho e sua carreira. Apesar desse desafio, ela optou por fazer as duas coisas e, no fim do ano foi reconhecida como a melhor funcionária da empresa. Quando foi chamada ao palco para receber o prêmio, ela se demitiu publicamente, afirmando sua posição como mãe e decidindo usar seu tempo em lugares e de maneiras que valorizassem sua personalidade e seu trabalho.

Enquanto João crescia, ela foi informada de que ele era incapaz de aprender. Buscando oferecer as melhores oportunidades para o filho, Carola se mudou para os Estados Unidos e descobriu escolas que não apenas o aceitavam, mas também transformaram a vida de João. Ela estava determinada a provar que o aprendizado é possível para qualquer criança com deficiência, não apenas para seu filho. Carola decidiu elaborar um projeto para trazer metodologias semelhantes para o Brasil, adaptando-as às necessidades do país. Foi então que Carola criou a Turma do Jiló, apelido de João, provando que todos podem aprender e prosperar em um ambiente inclusivo e acolhedor de nossas diferenças. Já adulta, Carola foi diagnosticada como uma pessoa no espectro autista, o que a inspira ainda mais a continuar seu trabalho por um mundo onde todos tenham o direito de aprender respeitado.