Mapeamento Juventudes e Justiça Climática
JOVENS TRANSFORMADORES PELO CLIMA
Como as juventudes da Amazônia estão se organizando para enfrentar o aquecimento global e promover a justiça climática? Como engajam outros atores sociais, como governos, organizações da sociedade civil, escolas, universidades, empresas e mídia em suas ações? Que barreiras encontram nessa articulação? E como inovam para superá-las?
Este estudo, realizado pela Ashoka, revela 14 Barreiras Sistêmicas, que dificultam a colaboração dos jovens com vários atores sociais, e os 16 Princípios Direcionadores, que precisam ser amplamente colocados em prática, para aumentar a resiliência das comunidades da Amazônia e potencializar redes de Jovens Transformadores pelo Clima.
Contexto do Estudo
Com o apoio da Climate and Land Use Alliance (CLUA), a Ashoka está estruturando na Amazônia equipes formadas por pessoas com habilidades de empatia, colaboração, criatividade e empreendedorismo, com o propósito de criar arquiteturas sociais onde ninguém fique pra trás, onde todas as pessoas possam contribuir.
Essas arquiteturas concebem um mundo onde todos têm direito a alimentação, água limpa, saúde, moradia e educação; onde todos são responsáveis por inibir a degradação ambiental e a exploração ilegal e não consentida de terras indígenas e de comunidades tradicionais. Essa é a nossa maneira de contribuir com a justiça climática.
Sabemos que o termo carrega significados e demandas plurais e, por isso, não nos contentamos com as nossas definições. As conclusões que constam neste Mapeamento emergiram de oficinas e entrevistas em profundidade com 45 pessoas, entre jovens transformadores, empreendedores sociais e líderes de organizações que trabalham com juventudes da Amazônia Legal. Conheça alguns dos achados abaixo.
Barreiras Sistêmicas e Princípios Direcionadores
As experiências e opiniões dos participantes foram agrupadas, com o objetivo de identificar dois tipos de padrões: os Princípios utilizados para engajar atores estratégicos nas ações das juventudes em favor da justiça climática e as Barreiras com as quais os jovens se deparam com mais frequência para engajar os grupos abaixo.
PODER PÚBLICO: fortalecer o diálogo com as juventudes amazônidas
Barreira Sistêmica 1: Pouca vontade política para atender às demandas por justiça climática
Barreira Sistêmica 2: Interesses de curto prazo limitam o diálogo com as juventudes e impedem compromissos com a estabilidade climática
Barreira Sistêmica 3: Distanciamento e dificuldade em dialogar com o poder público
Princípio Direcionador 1: Diversificação das metodologias de participação cidadã das juventudes
Princípio Direcionador 2: Ocupação dos espaços de formulação e implementação de políticas públicas pelos jovens e povos amazônidas
Princípio Direcionador 3: Implementação de canais e políticas específicas para dialogar e apoiar as juventudes
ESCOLAS: cérebro e coração das juventudes inovadoras
Barreira Sistêmica 1: A educação que vem de fora
Barreira Sistêmica 2: Ausência de espaços de participação na construção da política pública de educação
Barreira Sistêmica 3: Desconexão do ensino médio com a educação ambiental e as ações transformadoras das juventudes
Princípio Direcionador 1: Escola como agente socioambiental
Princípio Direcionador 2: Reconhecimento do notório saber nos currículos
Princípio Direcionador 3: Escola como um espaço da comunidade
UNIVERSIDADES: o despertar de um novo jeito de saber
Barreira Sistêmica 1: Valorização de um tipo de conhecimento “padrão”
Barreira Sistêmica 2: Modelo de ensino pouco participativo
Princípio Direcionador 1: Pesquisa e extensão como inovação metodológica na aprendizagem, avaliação e engajamento do jovem com o território
Princípio Direcionador 2: Construção de novos conhecimentos com base no diálogo de saberes
EMPRESAS: um longo caminho rumo a uma relação de respeito e confiança
Barreira Sistêmica 1: Juventudes e empresas em campos opostos nas ações por justiça climática
Princípio Direcionador 1: Novos arranjos de produção e comercialização, mais participativos e colaborativos
MÍDIA: dos produtores e distribuidores tradicionais à inovação das juventudes nas plataformas digitais
Barreira Sistêmica 1: Os veículos de comunicação tradicionais se distanciaram da realidade das juventudes e das pautas da justiça climática
Barreira Sistêmica 2: Infraestrutura deficitária para favorecer as inovações das juventudes em comunicação
Princípio Direcionador 1: Fazer comunicação e educação sobre juventudes e justiça climática
Princípio Direcionador 2: Rádio como meio de comunicação comunitária, popular e regional
Princípio Direcionador 3: Desenvolver a análise crítica da comunicação produzindo conteúdos em vários formatos
Princípio Direcionador 4: Diversidade de mídias e canais digitais que falam de jovem para jovem
SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA: articulando pessoas, causas e territórios
Barreira Sistêmica 1: Resistência a um novo modelo de atuar
Barreira Sistêmica 2: Bandeiras político-partidárias reduzem a capacidade de diálogo com múltiplos atores
Barreira Sistêmica 3: Atuação fragmentada
Princípio Direcionador 1: As juventudes chamam para o debate
Princípio Direcionador 2: Integrar lideranças locais nos quadros de profissionais das OSCs
Princípio Direcionador 3: Criar e fortalecer novos formatos de organização dos jovens
O que é inovação em justiça climática?
Perguntamos às pessoas entrevistadas o que elas consideram inovação em justiça climática e como os diversos atores sociais podem contribuir para garantir a justiça climática na Amazônia. Foi recorrente a ênfase na inovação que parte de uma questão local, idealizada ‘com’ e ‘para’ os habitantes da Amazônia.